Introverter-se, adentrar profundamente em si, tocar-se em camadas ancestralmente enraizadas e daí reconhecer-se, libertar-se, individuar-se, “ser-se”.
Lua renovada de seu encontro com o Sol, em suas águas misteriosas, revela-se no toque da luz. Envoltos na dura proteção do caranguejo, casa-estrutura que acolhe a maciez, gera abrigo e contenção, recicla, convida a revisitar, olhar o que é lar pra nós, onde encontramos o descanso, e à partir dali, escutar e distinguir o que de fato buscamos e o que de fato é seguro e nutritivo, o que ressoa e complementa, enriquece e aquece, ou só parece.
Visitar em si o despertencer profundo pra experienciar o que é de fato pertencer, livre de amarras. Consciência antiga de que há limites que protegem e há limites que sufocam, impedem o crescimento. Aceitar o desconforto dessa consciência possibilita tê-lo como combustível, utilizemos!
Olhar as origens e se fortalecer pro destino. Maturidade é não se manter no ninho nem se emaranhar no conhecido.Ir além da fonte, buscar sua própria nascente, reconhecer de onde brotam suas águas e deixar correr, mover aconchego, vida e continuidade.
É preciso largar a birra de manter. Solte! Facilite pra que a vida prossiga e prospere!
Com quais novos fios tecer a própria história para revelar o que de fato é seu e se origina em você, à partir de quem se tornou e se torna a cada dia?
Permitir-se ceder ao espaço da mudança. Acolher o passado como base de aprendizado e gratidão, honrando o que já está formado, oferecendo-se um novo chão e novas formas. Purificar-se, silenciar-se, pra seguir a fluir e nutrir.
Sol que já aponta calor, aguardado pela outra união de opostos, marte e vênus se abraçam e se aquecem e convocam a voz do coração, para que a expressão brilhe, manifeste-se, gere, ainda que pra isso tenha de lidar com as resistências. Que o abraço aqueça mas não sufoque!
Em busca de respostas, o presente é semear a escuta da intuição e dos instintos, ressignificar e reinterpretar-se, oferecendo-se a suavidade, o descanso e o preparo. Recolher seus tesouros.
Abastecer-se de sua nova visão de si para mover os novos moveres, que se ainda não movidos, em breve convocarão!
Imagem: Renato Cagiali